23 outubro 2010

Sopro final - poema de afonso rocha / Tema de Pedro Abrunhosa - Deixas em Mim Tanto de Ti



Sopro final

Minhas mãos são roseiras bravas
que colhem lágrimas de sangue
em meu rosto

Meus olhos são penumbras de ti
envoltos em névoa parda

E o meu cérebro recusa-se a pensar
no silêncio das profundezas do oceano
das palavras não escritas
em que navego à deriva...

Minha dor
abafa o meu grito
como golfinho ferido
Intenção vã
de o salvar da tempestade
anunciada

Meu sorriso
já não é o mesmo
ao aproximar-me das falésias
de escarpas famintas
onde cada gaivota espera
o meu sôpro final...

                               afonso rocha

6 comentários:

Luis Nunes Alberto disse...

Tás um poeta e peras Afonso
Um abraço
Luis

OutrosEncantos disse...

Não podias ter escolhido melhor tema musical, não apenas por ser Pedro Abrunhosa de quem gosto de paixão, mas porque o poema dessa canção é simplesmente fabuloso.
Quanto ao teu poema...
BELISSIMO!!!
Sentido, sofrido, da alma...!
Adorei.
Beijo.

Ava disse...

Nada mais doloroso que navegar a deriva, por entre palavras não escritas, que estão cravadas em nosso peito como um punhal...

Belíssimo música e poema...

Beijos meus

Anónimo disse...

Talvez assim aprendas a viver, pá.
Tens de ser mais esperto.
Perdeste.
E esta, heim?

afonso rocha disse...

Anónimo...
postei o seu comentário, porque assim talvez leia a ninha resposta.
Ganhar ou perder é tudo uma questão de humildade...e prefiro a inteligência que à esperteza.
Não sei a que se refere...ao que perdi. Provávelmente perdi o meu tempo a dar-lhe protagonismo no meu blogue.
Como inteligente não me escondo no anonimato...
e dos espertos não reza a história...

OutrosEncantos disse...

Todos temos os nossos sofrimentos, os nossos segredos, fomes e sedes, insónias, raivas...
... ventanias e tempestades, relâmpagos a explodir no peito... e
... trovões a estoirar na cabeça...

TODOS!...

Há os que não têm vergonha de se expôr...
... há os que se sabem proteger, mas nem por isso sofrem menos, e têm uma forma curiosa de se enganar a si próprios... é magoando os outros!...
E tens razão, Amigo, saber viver não é para os inteligentes, sim para os espertos!

Tem mensagem p'ra ti no Mimos, Afonso! Abraço.