29 junho 2010

Marionetas - video de CdeCuba.org



Marionetas

Ficaram ambos suspensos pelas palavras,
como marionetas.

Ela, nada disse...ofuscada pela memória,
vestida de preconceitos e dúvidas.
Pela opulência do olhar de cima...
seus olhos petrificaram,
numa ingestão de cianeto
embrulhado em chocolate.

Ele, com o palato desbotado...
bebeu o fel derramado e soube-lhe a pouco.
Só então percebeu, o pão amargo
amassado com ilusões e fermentado de mentiras
com que se alimentava.


E quando o cálice da Vida secou...
ficaram ambos sós.

Ela, como uma marioneta,
não conseguiu suster sua alma errante
presa por fios de utopia
em que o divino era questionado
e desmembrou-se caindo em terra fétida e deserta.

Ele, sempre acreditando na força do divino,
um anjo desceu-o das palavras...
e pousou seu coração nos gelos eternos do Polo
transformando-o em água cristalina.

E num passe de magia...
inundou toda a Terra
com clamores de Nova Era.

afonso rocha

10 junho 2010

CÂNTICO NEGRO de José Régio (interpretado por João Villaret)



Sonho

Uma adaga
trespassou
minha carne...
e roubou
o que restava
de minha alma
................
Meu corpo
nu
transformou-se
em pigmento...
inpregnando
o chão
como uma
tela negra
................
O Cheiro...
já não é
mais cheiro...
O Olhar...
se dilui
na distância...
e a música
em acordes
indefinidos...
envolve
meus Tímpanos...
cansados
e gastos...
Minha Boca
secou...
de palavras
vãs...
aradas
em terra seca...
................
e
minha Cabeça
se soltou...
tocando
meu coração
gelado...

                                                             afonso rocha


07 junho 2010

Head by Borderline



Home

Quando perderes a cabeça
por algum motivo...
Não te preocupes...
Ela volta sempre
a sua casa...
como um filho pródigo

A fidelidade
é uma regra de ouro


                                                             afonso rocha

03 junho 2010

Chocolate by Molly Nix


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Vício

Era mais forte que ela...e não havia explicação para tal, apesar de gastar as horas deitada, no divã do psicanalista.
Não havia nada a fazer. Foi-se embora.
Rodou a chave...e entrou de mansinho no apartamento de águas furtadas...
O seu pensamento obssessivo levou-a em direção  ao quarto.
Aproximou-se da cama em passos aveludados...como uma felina prestes a cair sobre a presa.
Olhou para ele...destapou-o...com cuidado...observou-o com ternura e afeto...susteve a respiração por segundos...
e atirou-se a ele.
Estava completamente possessa. O seu rosto era uma amálgama de cores...desde o rosa choque...até ao púrpura.
Comeu-o quase todo...com sofreguidão.
Ele...nada disse.
Só então, quando o virou de lado, reparou que estava fora de prazo.
Não conseguia resistir a tudo que era selvagem...
e aquele...
bem...
aquele...era o que ela mais adorava!
TOBLERONE...com amêndoas.

                                                                      afonso rocha