10 junho 2010

CÂNTICO NEGRO de José Régio (interpretado por João Villaret)



Sonho

Uma adaga
trespassou
minha carne...
e roubou
o que restava
de minha alma
................
Meu corpo
nu
transformou-se
em pigmento...
inpregnando
o chão
como uma
tela negra
................
O Cheiro...
já não é
mais cheiro...
O Olhar...
se dilui
na distância...
e a música
em acordes
indefinidos...
envolve
meus Tímpanos...
cansados
e gastos...
Minha Boca
secou...
de palavras
vãs...
aradas
em terra seca...
................
e
minha Cabeça
se soltou...
tocando
meu coração
gelado...

                                                             afonso rocha


17 comentários:

Nilson Barcelli disse...

O "Sonho" é um excelente poema. Gostei imenso. Só falta ser dito por alguém como o João Villaret (a sua interpretação do "Cântico negro" é inesquecível).
Abraço.

♪ Sil disse...

Eu já conhecia essa Cântico negro, é realmente belíssimooooo.
E seu texto abaixo....ahhh, meu amigo querido, me encontrei tanto nele...
Meu coração tbm anda gelado....
Um abraço grande meu amigo poeta, que enche meus dias de carinho!

Anónimo disse...

Ai não, gosto muito do Régio, mas não gostei nada da interpretação deste senhor :x

"Meu corpo
nu
transformou-se
em pigmento...
inpregnando
o chão
como uma
tela negra"

Lindo isso, Afonso. Adorei :)
Beijos!

tigusto disse...

Cabeça e Coração, tão dificil encontrarem-se! Para celebrar esse encontro nada como um belo poema como este!
Afonso... boa malha!
http://dequasetudoequasenada.blogspot.com/

tigusto disse...

Já me esquecia... Sobre a Guilherme Cossoul podes seguir o link http://www.guilhermecossoul.pt/ que está no post do meu blog e ver nos contactos. Situa-se na Av D Carlos I, 61, 1º em Lisboa. Entre o Palácio de S Bento e o rio Tejo. Quanto ao Villaret não será fácil digeri-lo sem lhe conhecer o percurso, o enquadramento. A maneira de dizer marca um estilo próprio mas afastado dos nossos tempos. Sem o tal conhecimento mais envolvente pode parecer um tanto "bolorento" especialmente a uma pessoa mais jovem. Digamos que será quase o mesmo que olhar para uma obra de arte sem qualquer tipo de explicação sobre a mesma, sobre a intenção do autor. Ficamos curtos. Para além disso se todos gostassemos do azul que seria do amarelo?
Abraço!

afonso rocha disse...

Comentário de uma amiga...

"A essência do que dizes,aquilo que transparece nas palavras,nos sentimentos que impregna teu poema é sublime....
Mas, se eu percebo, nem todos o poderão entender,pois tu não tentaste chegar a todos os públicos.
Confesso que até eu precisei em certos versos deter-me mais do que o habitual, para compreender!
Bom, tu sabes que escrevo de forma bem mais simplista....o que não quer dizer que não aprecie outros estilos!
Agora em relação ao conteúdo ,espero sinceramente que nunca permitas que teu coração gele!
Nunca permitas que o território da tua emoção envelheça....
Gosto de te saber criativo!
Beijinhos da amiga Beta

Fátima disse...

A alma está tocável nesse poema. Lindo!

Beijos

♪ Sil disse...

Meu querido amigo.
Ahhhh, amor?
Eu to como Caio faz tempooooo rs.
Tirei férias, e nem sei se volto.

Um abraço grande!

Nina disse...

Oi Afonso,
que não é o Romano Sant'anna, mais que é legal =)

obrigada pela visita.

e aí, o que achou do curta?

eu estou conhecendo aos poucos o trabalho do Jan Švankmajer.

é um pouco complicado encontrar os curtas para fazer downloads.

no youtube eu encontrei alguns, porém, numa qualidade ruim.

é um diretor que mexe bastante com nossas emoções. bem surreal. né a toa que teve fortes influências.


até mais,
abraços!

Ava disse...

Afonso, curiosa que sou, estava a ler teus escritos.

Gostei nuito do que li e da sensibilidade que impregna teus poemas.

Beijos!

Cris Medeiros disse...

Opa! Cântico Negro é lindo eu ouço esse texto acho que desde bem novinha, na voz de Maria Bethânia que tanto amo...

Olha! Obrigada pela sua visita em meus blogs e pelos comentários!

Beijocas

Luis Baptista disse...

Grande Afonso,
continua a brindar-nos com coisas destas. Um abraço!

OutrosEncantos disse...

Vou dizer-te um "segredo". No dia em que publicaste este video eu tinha-o mandado umas horas antes à Angela..., que coincidência!
O carinho e admiração que tenho por João Villaret, vem da infância. Naquele tempo ele declamava todas as 4ªs na TV, a minha avó e eu nunca perdiamos. Fazia vibrar quem o ouvia!

E este poema..., este sonho que sonhaste acordado..., magoa, mas está belissimo.

Estás a escrever muitissimo bem! :)) Beijos.

Insana disse...

Passando atrasada para te desejar um feliz dia do Amigo.

Bjs
Insana

Paulo disse...

" (...)palavras
vãs...
aradas
em terra seca..(...)"

Resta-nos o sonho....e a secura dos dias para voar sem destino...

Abraço

Jean Valjean disse...

Régio texto, brilhante interpretação. Brilhante.
Quanto aos seus versos: belíssimos.
Que dizer, mais?
Abraço!

AC disse...

Transformar o gelo da alma em poesia é uma forma de aquecê-la um pouco.

Abraço