29 junho 2010
Marionetas - video de CdeCuba.org
Marionetas
Ficaram ambos suspensos pelas palavras,
como marionetas.
Ela, nada disse...ofuscada pela memória,
vestida de preconceitos e dúvidas.
Pela opulência do olhar de cima...
seus olhos petrificaram,
numa ingestão de cianeto
embrulhado em chocolate.
Ele, com o palato desbotado...
bebeu o fel derramado e soube-lhe a pouco.
Só então percebeu, o pão amargo
amassado com ilusões e fermentado de mentiras
com que se alimentava.
E quando o cálice da Vida secou...
ficaram ambos sós.
Ela, como uma marioneta,
não conseguiu suster sua alma errante
presa por fios de utopia
em que o divino era questionado
e desmembrou-se caindo em terra fétida e deserta.
Ele, sempre acreditando na força do divino,
um anjo desceu-o das palavras...
e pousou seu coração nos gelos eternos do Polo
transformando-o em água cristalina.
E num passe de magia...
inundou toda a Terra
com clamores de Nova Era.
afonso rocha
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15 comentários:
Diálogos difíceis num poema maravilhoso!
L.B.
Gostei do poema, achei-o mesmo excelente.
Abraço.
Ola! Ô da casa!
Estou apenas à espreita, de poemas, palavras soltas, frases contundentes, que me falem do que é isso que faço aqui, que chamam "Viver".
Forte abraço.
Flavio
Perspicaz amigo, só não estou embasbacado com seu texto porque já lhe conheço há algum tempo a argúcia e a arte.
Abraço de duas asas!
que bom seria poder num passo de magia fazer acontecer...
Teu poema é profundo, tem um destino certo.
Não consegui ainda traduzi-lo.
Não consigo comenta-lo.
Tenho que ingeri-lo primeiro e tomar-lhe o sabor...
Volto depois, não vou esquecer.
Beijo.
Está muito bonito o rosto da tua página.
Adorei passar por aqui..
Com um beijo
Tenho selo para ti
Oi Afonso
Solidão a dois. Um belo poema.
Beijos
«Ela, como uma marioneta,
não conseguiu suster sua alma errante
presa por fios de utopia
em que o divino era questionado
e desmembrou-se caindo em terra fétida e deserta.»
Há nesta poesia certezas ditas de outra maneira, traços vincados do perfil pretérito do poeta. Só um exaltado estado de alma pode derramar palavras assim.
Palavras que,infelizmente, aos mais novos - como eu -, nem sempre produzem eco...
Ainda assim, este poema é um "passe de magia" que não se pode tornear.
Que o sussurrar do vento te deixe pleno.
bjs
Insana
Vim ler mais, mas não há...
Mas eu volto...
Abraço.
Kadé a música do Fiel?!
Anda muito abandonado este Blog!...
Quero o livro de reclamações, se faz favor... lollll
Genial. Com todo respeito ao Decadente, lá em cima, eu acho que ele não apreendeu bem toda a profundidade desta obra de arte posta em versos.
Você é genial.
Amplexos reverentes!
Magnífico!
Beijos.
E quando o cálice da Vida secou...
ficaram ambos sós.
Ele com o palato atrésico
Deixou cair a dentadura.
Quando viu com quê doçura
A amada ajeitava o peito caído
No largo vestido.
Ela estava mais magra.
E ele parecia arrependido
por não tê-la admirado antes.
Não era mais aquela.
Mas ela era tão bela...
Pois é, quando o cálice da vida secou, ficaram ambos sós.
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