27 maio 2011

O livro dos teus sonhos - Poema de Afonso Rocha / I had a dream - video de Ricky Sarkany



O livro dos teus sonhos

Respiro teu corpo
sofregamente
como se fosse
a última vez
nesta madrugada
plena de signos
inertes
embutidos
de madrepérola...

a voarem por entre as nuvens...

Que som é este
que ouço
no fim
do caminho
que percorro
incauto...

Que melodia
envolve meus poros
meu coração
se abre
e minha alma
se desnuda...

Deixa-me beijar
teus pés nus

Fantasia de mulher
onde meus lábios
se afundam
nesse universo
fecundo...

Deixa-me
ser Eu
a deliniar
a rota
dos teus segredos...

abrir o livro
dos teus sonhos...
e fazer deles
jardins de Babilónia

                                                                             afonso rocha

18 maio 2011

AMEI - Poema de Afonso Rocha / Que nunca caiam as pontes entre nós - Pedro Abrunhosa




AMEI


AMEI A PAELLA!!!!!
AMEI O VINHO !!!!
AMEI O XEREZ...
DIGESTIVO....

E AGORA
SÓ...
CONTEMPLATIVO
DEITADO NO CHÃO
SEM DÓ
DE MIM
COM CHAMPANHE
E
MORANGOS
FAÇO TCHIM TCHIM...

MINHA COMPANHIA
QUATRO CDÊS
ABRUNHOSA
HANCOCK
MILES DAVIS
ELIS

E EU...
COMO UMA RÊS
EM ÁFRICA
NA GORONGOSA
GRITO
A SÓS...

A CIDADE
É MINHA
PORQUE
OS MEUS OLHOS
ENXERGAM
A 360 GRAUS
E VEJO-TE
DESDE O SUL
ATÉ MANAUS...
MADRID
SAO PAULO
SAO PAULO
MADRID

E NO CHÃO
UM HOMEM
QUE RI
NÃO
COM A BOCA
MAS SIM
COM O CORAÇÃO...

E COMO MARINHEIRO
Á DESCOBERTA
DEIXO A PORTA ABERTA
DESFAÇO TODOS OS NÓS...
PORQUE NÃO HÀ PONTES
ENTRE NÓS!!!!

                       afonso rocha

13 maio 2011

Sou ou não Sou...eis a Questão - Poema de afonso rocha / Videos - Caravelas Portuguesas ou Garrafa azul



Sou ou não Sou...eis a Questão

Detesto o estado de embriaguez e durante a minha curta estada nesta Terra não foram muitos os que apanhei.

1-Conscientemente.

A necessidade de irmos mais além...a sensação do abismo sem no entanto percebermos a fronteira delimitada entre o caos
e a necessidade interior de sentir o pulsar do seu próprio coração.

Coração que sente,
coração que berra,
coração que pede paz

que se deixa ficar na sua própria memória intemporal, amarga, esverdeada...como fel.

O espaço entre a sanidade e a loucura é algo tão ténue que deixa de ser doloroso e no entanto
nos fere até o mais profundo da alma...criando uma consciência aparte como um semi-Deus em que nos agarramos visceralmente, ficando-se dependurado como uma massa inerte tipo matadouro municipal.

A adoração per si, não é mais que o seu estado lamentável, execrável...tecendo os seus próprios medos e ao mesmo tempo afundando-os no esquecimento de si.

A linha débil da vida...que se quer simples e complicada ao mesmo tempo, sem no entanto ser nem uma coisa nem outra.

Uma amálgama em que os seus componentes se interrogam, se enfurecem, se ferem...
até o sangue jorrar por todos os poros, antes do apaziguamento final, fedendo a selva irracional.

 
2-Sou um ser desprezível.

Espreito para o interior do meu corpo por uma fresta de luz e observo um amor imperativo que me cega e de olhos faltos caio por terra beijando grão a grão e me transporta para outra realidade.

A ausência de visão faz com que meus dedos se tornem autonomos, esponjosos e mergulhem no novo corpo.

Sou afinal uma caravela portuguesa...descendente das grandes medusas...das aguas-vivas que enroladas nas ondas se espraiam mas ao contrário das primitivas de cor azulada e perniciosas, emito afetos.

Tenho uma alma de luz que dôo sem escolhas a todos os seres em meu redor.

A sua plástica narcísica cessou de viver.


                                                                      afonso rocha